ALTA IDADE MÉDIA.
Período do século V ao século IX é caracterizado pela formação do Sistema Feudal. Neste período observa-se os seguintes processos históricos: a formação dos Reinos Bárbaros, com destaque para o
Reino Franco; o Império Bizantino - parte oriental do Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe. Grosso modo, a Alta Idade Média representa o processo de ruralização da economia e sociedade da Europa.
1. OS REINOS BÁRBAROS.
Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que, portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistaram a parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em tribos. As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:
- Os Anglo-Saxões, que se estabeleceram na Grã-Bretanha;
- Os Visigodos estabeleceram-se na Espanha;
- Os Vândalos fixaram-se na África do Norte;
- Os Ostrogodos que se instalaram na Itália;
- Os Suevos constituíram-se em Portugal;
- Os Lombardos no norte da Itália;
- Os Francos que construíram seu reino na França.
Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo.
A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembleia de Guerreiros, responsável por todas as decisões importantes e chefiada por um rei ( rei que era indicado pela
Assembleia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam - em tempos de guerra - a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.
A sociedade germânica era assim composta:
- Nobreza: formada pelos líderes políticos e grandes proprietários de terras;
- Homens-livres: pequenos proprietários e guerreiros que participavam da Assembléia;
- Homens não-livres: os vencidos em guerras que viviam sob o regime de servidão e presos à terra e os escravos - grupo formado pelos prisioneiros de guerra.
Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas (florestas e pastos).
A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.
Como vimos no resumo sobre Roma, o contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados do século IV. À partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude da pressão dos hunos. Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de Roma e a fraqueza militar do Império Romano.
Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.
O REINO FRANCO.
A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:
- Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII ); e
- Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX ).
OS MEROVÍNGIOS.
O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo. A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos - que passam a receber apoio da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará com
o apoio militar dos Francos.
Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus). Entre os Mordomos do Paço, mercerem destaque: Pepino d'Herstal, que tornou a função hereditária;
Carlos Martel, que venceu os árabes na batalha de Poitiers, em 732 e Pepino, o Breve, o criador da dinastia Carolíngia.
A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".
OS CAROLÍNGIOS.
Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.
Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da Idade Média. Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas mãos de Carlos Magno.
O IMPÉRIO CAROLÍNGIO.
Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suíça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.
O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos
condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em nome do rei
inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.
No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços - a origem do FEUDO.
Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e
pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina. Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a
transmissão de valores da cultura clássica (greco-romana). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de manuscritos antigos.
DECADÊNCIA DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO.
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os seus filhos. A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun estabelecendo que: Carlos, o Calvo ficasse com a parte ocidental ( a França atual); Lotário ficasse com a parte central ( da Itália ao mar do Norte) e Luís, o Germânico ficasse com a parte oriental do Império.
Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política que, somada a
uma onda de invasões sobre a Europa, à partir do século IX (normandos, magiares e muçulmanos) contribuem para a cristalização do feudalismo.
A CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA.
Os árabes possuem uma história que pode ser dividida em dois períodos: pré-islâmico e islâmico.
PERÍODO PRÉ-ISLÂMICO.
Caracterizado pela ausência de unidade política (ausência de Estado) e pela divisão dos árabes em dois grupos: os beduínos ou árabes do deserto e os árabes da cidade.
Nesta época, os árabes eram politeístas. Segundo as tradições, os ídolos adorados pela tribos ficavam na CAABA, santuário situado na cidade de Meca. Na Caaba, existia também a Pedra Negra,
adorada por todos pois, de acordo com as tradições caiu do céu, sendo um presente dos deuses. Devido ao santuário e à Pedra Negra, Meca tornou-se o principal centro religioso e também o mais
importante centro comercial dos árabes.
PERÍODO ISLÂMICO.
Marcado pela revolução religiosa patrocinada por Maomé.
Aos 40 anos de idade teve uma revelação, através do anjo Gabriel que lhe disse: "só há um único Deus, que é Alá, e Maomé é o seu único profeta". À partir deste momento, Maomé começa a pregação de uma nova religião: o Islamismo.
O ISLAMISMO.
O conteúdo básico da doutrina islâmica está resumido nas seguinte regras essenciais:
- crença em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta;
- realizar cinco orações diárias;
- dar esmolas;
- jejuar durante o mês de Ramadã (mês considerado sagrado);
- visitar Meca uma vez na vida;
- fazer a Guerra Santa (djihad).
Destacam-se também a proibição de ingestão de bebidas alcoólicas, proibição de comer carne de porco e severa punição ao roubo.
Durante a pregação da nova religião, Maomé foi perseguido e quase assassinado. Fugiu de Meca para Yatreb (depois Medina) - episódio conhecido como Hégira, que marca o início do calendário
muçulmano. Para evitar uma maior oposição às novas ideias religiosas, Maomé manteve o santuário da Caaba e a Pedra Negra, agora como um presente do anjo Gabriel.
Todos os princípios religiosos do Islamismo estão contidos no livro sagrado chamado Alcorão. Há um outro livro importante, denominado Suna, que contém relatos da vida e ensinamentos do profeta Maomé.
Com a morte de Maomé a religião islâmica divide-se em seitas, sendo que as principais são:
SUNITAS: Além do Alcorão, aceitam a Suna como fonte de ensinamento. Defendem que o califa (chefe do Estado muçulmano) reúna virtude de honra, respeito às leis e capacidade de trabalho.
Não acham que o califa deva ser infalível em suas ações.
XIITAS: Aceitam somente o Alcorão como a única fonte de ensinamentos. Defendem que o califa seja descendente do Profeta Maomé e que deva ser infalível em suas ações - pois é diretamente
inspirado por Alá.
A EXPANSÃO ISLÂMICA.
Com a introdução do monoteísmo, Maomé lançou as bases da criação de um Estado Teocrático, ou seja, as leis religiosas pesam mais que as leis humanas. Este Estado era governado por Califas (os
sucessores) que contribuíram para a expansão territorial muçulmana.
Dentre os fatores para a expansão destacam-se:
- o crescimento demográfico dos árabes;
- a Guerra Santa ( a expansão da fé islâmica );
- a fraqueza do Império Bizantino e Persa;
- a fraqueza dos Reinos Bárbaros.
A expansão Islâmica ocorreu em três momentos:
1ª etapa ( de 632 a 661 )- conquistas da Pérsia, da Síria, da Palestina e do Egito;
2ª etapa ( de 661 a 750 )- a Dinastia dos Omíadas, que expandiu as fronteiras até o vale do Indo (Índia); conquistou o Norte da África até o Marrocos e a Península Ibérica na Europa. O avanço
árabe sobre a Europa foi contido por Carlos Martel, em 732 na batalha de Poitiers.
3ª etapa ( de 750 a 1258 )- a Dinastia dos Abássidas, onde ocorre a fragmentação político-territorial e a divisão do Império em três califados: de Bagdá na Ásia, de Cordova na Espanha e do Cairo no Egito.
Após esta divisão, do mundo Islâmico será constante até que no ano de 1258 Bagdá será destruída pelos mongóis.
AS CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO.
A expansão árabe representou um maior contato entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No aspecto econômico a expansão territorial provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo, contribuindo
para a cristalização do feudalismo europeu, ao acentuar o processo de ruralização e fortalecendo a economia de consumo.
A CULTURA ISLÂMICA.
Literatura: poesias épicas e fábulas. Destaque para os contos de aventuras, como As Mil e uma Noites.
Ciências: muito práticos os árabes aplicaram o raciocínio lógico e o experimentalismo. Desenvolveram a Matemática (álgebra e trigonometria), a Química (alquimia), Medicina (sendo Avicena o grande nome) e a Filosofia (estudo de Aristóteles).
Artes: a grande contribuição foi no campo da Arquitetura, com construção de palácios e de Mesquitas. Na Pintura, dado a proibição religiosa de reproduzir a figura humana, houve o desenvolvimento dos chamados arabescos.
O IMPÉRIO BIZANTINO.
No ano de 395, Teodósio divide o Império Romano em duas partes: o lado ocidental passa a ser designado por Império Romano do Ocidente, com capital em Roma; o lado oriental passa a ser
Império Romano do Oriente com capital em Bizâncio (uma antiga colônia grega). Quando o imperador Constantino transferiu a capital de Roma para a cidade de Bizâncio, ela passou a ser conhecida como Constantinopla.
A ERA DE JUSTINIANO (527/565).
Justiniano foi um dos mais famosos imperadores bizantinos. Seu reinado corresponde ao apogeu do Império Bizantino. Em seu reinado destacam-se:
- o cesaropapismo: significa que o chefe do Estado ( César ) torna-se o chefe supremo da religião ( Papa ). As constantes interferências do Estado nos assuntos religiosos provocam desgastes entre o Estado e a Igreja resultando, no ano de 1054, uma divisão na cristandade - o chamado GRANDE CISMA DO ORIENTE. A cristandade ficou dividida em duas igrejas: Igreja Católica do Oriente ( Ortodoxa ) e Igreja Católica do Ocidente, com sede em Roma.
- a guerra de Reconquista: tentativa de Justiniano para reconstituir o antigo Império Romano, procurando reconquistar o Norte da África, a Itália e Espanha que estavam sob o domínio dos chamados povos bárbaros;
- a Revolta Nika: para sustentar a Guerra de Reconquista, o governo adotou uma política tributária o que gerou insatisfações e lutas sociais. Justiniano usou da violência para acalmar o Império; Justiniano foi também um grande legislador e responsável pela elaboração do Corpus Juris Civilis ( Corpo do Direito Civil ), que estava assim composto:
- o Código: revisão de todas as leis romanas;
- o Digesto: sumário escrito por juristas;
- as Institutas: manual para estudantes de Direito;
- as Novelas: conjunto de leis criadas por Justiniano.
Com a morte de Justiniano, o Império Bizantino inicia sua decadência. Entre os séculos VII e VIII os árabes conquistam boa parte do Império Bizantino e em 1453 os turcos ocupam a capital -
A CULTURA BIZANTINA.
O povo bizantino era muito religioso e exerciam os debates teológicos. Muitas questões teológicas foram discutidas, destacando-se:
- o monofisismo: tese que negava a dupla natureza de Cristo (humana e divina). Segundo o monofisismo, Cristo tinha uma única natureza: a divina.
Nas artes, os bizantinos destacaram-se na Arquitetura: construção de fortalezas, palácios, mosteiros e igrejas. A mais exuberante das igrejas foi a Igreja de Santa Sofia, construída no reinado de Justiniano. A característica da arquitetura bizantina era o uso da cúpula.
Período do século V ao século IX é caracterizado pela formação do Sistema Feudal. Neste período observa-se os seguintes processos históricos: a formação dos Reinos Bárbaros, com destaque para o
Reino Franco; o Império Bizantino - parte oriental do Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe. Grosso modo, a Alta Idade Média representa o processo de ruralização da economia e sociedade da Europa.
1. OS REINOS BÁRBAROS.
Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que, portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistaram a parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em tribos. As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:
- Os Anglo-Saxões, que se estabeleceram na Grã-Bretanha;
- Os Visigodos estabeleceram-se na Espanha;
- Os Vândalos fixaram-se na África do Norte;
- Os Ostrogodos que se instalaram na Itália;
- Os Suevos constituíram-se em Portugal;
- Os Lombardos no norte da Itália;
- Os Francos que construíram seu reino na França.
Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo.
A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembleia de Guerreiros, responsável por todas as decisões importantes e chefiada por um rei ( rei que era indicado pela
Assembleia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam - em tempos de guerra - a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.
A sociedade germânica era assim composta:
- Nobreza: formada pelos líderes políticos e grandes proprietários de terras;
- Homens-livres: pequenos proprietários e guerreiros que participavam da Assembléia;
- Homens não-livres: os vencidos em guerras que viviam sob o regime de servidão e presos à terra e os escravos - grupo formado pelos prisioneiros de guerra.
Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas (florestas e pastos).
A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.
Como vimos no resumo sobre Roma, o contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados do século IV. À partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude da pressão dos hunos. Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de Roma e a fraqueza militar do Império Romano.
Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.
O REINO FRANCO.
A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:
- Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII ); e
- Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX ).
OS MEROVÍNGIOS.
O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo. A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos - que passam a receber apoio da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará com
o apoio militar dos Francos.
Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus). Entre os Mordomos do Paço, mercerem destaque: Pepino d'Herstal, que tornou a função hereditária;
Carlos Martel, que venceu os árabes na batalha de Poitiers, em 732 e Pepino, o Breve, o criador da dinastia Carolíngia.
A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".
OS CAROLÍNGIOS.
Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.
Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da Idade Média. Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas mãos de Carlos Magno.
O IMPÉRIO CAROLÍNGIO.
Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suíça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.
O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos
condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em nome do rei
inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.
No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços - a origem do FEUDO.
Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e
pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina. Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a
transmissão de valores da cultura clássica (greco-romana). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de manuscritos antigos.
DECADÊNCIA DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO.
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os seus filhos. A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun estabelecendo que: Carlos, o Calvo ficasse com a parte ocidental ( a França atual); Lotário ficasse com a parte central ( da Itália ao mar do Norte) e Luís, o Germânico ficasse com a parte oriental do Império.
Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política que, somada a
uma onda de invasões sobre a Europa, à partir do século IX (normandos, magiares e muçulmanos) contribuem para a cristalização do feudalismo.
A CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA.
Os árabes possuem uma história que pode ser dividida em dois períodos: pré-islâmico e islâmico.
PERÍODO PRÉ-ISLÂMICO.
Caracterizado pela ausência de unidade política (ausência de Estado) e pela divisão dos árabes em dois grupos: os beduínos ou árabes do deserto e os árabes da cidade.
Nesta época, os árabes eram politeístas. Segundo as tradições, os ídolos adorados pela tribos ficavam na CAABA, santuário situado na cidade de Meca. Na Caaba, existia também a Pedra Negra,
adorada por todos pois, de acordo com as tradições caiu do céu, sendo um presente dos deuses. Devido ao santuário e à Pedra Negra, Meca tornou-se o principal centro religioso e também o mais
importante centro comercial dos árabes.
PERÍODO ISLÂMICO.
Marcado pela revolução religiosa patrocinada por Maomé.
Aos 40 anos de idade teve uma revelação, através do anjo Gabriel que lhe disse: "só há um único Deus, que é Alá, e Maomé é o seu único profeta". À partir deste momento, Maomé começa a pregação de uma nova religião: o Islamismo.
O ISLAMISMO.
O conteúdo básico da doutrina islâmica está resumido nas seguinte regras essenciais:
- crença em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta;
- realizar cinco orações diárias;
- dar esmolas;
- jejuar durante o mês de Ramadã (mês considerado sagrado);
- visitar Meca uma vez na vida;
- fazer a Guerra Santa (djihad).
Destacam-se também a proibição de ingestão de bebidas alcoólicas, proibição de comer carne de porco e severa punição ao roubo.
Durante a pregação da nova religião, Maomé foi perseguido e quase assassinado. Fugiu de Meca para Yatreb (depois Medina) - episódio conhecido como Hégira, que marca o início do calendário
muçulmano. Para evitar uma maior oposição às novas ideias religiosas, Maomé manteve o santuário da Caaba e a Pedra Negra, agora como um presente do anjo Gabriel.
Todos os princípios religiosos do Islamismo estão contidos no livro sagrado chamado Alcorão. Há um outro livro importante, denominado Suna, que contém relatos da vida e ensinamentos do profeta Maomé.
Com a morte de Maomé a religião islâmica divide-se em seitas, sendo que as principais são:
SUNITAS: Além do Alcorão, aceitam a Suna como fonte de ensinamento. Defendem que o califa (chefe do Estado muçulmano) reúna virtude de honra, respeito às leis e capacidade de trabalho.
Não acham que o califa deva ser infalível em suas ações.
XIITAS: Aceitam somente o Alcorão como a única fonte de ensinamentos. Defendem que o califa seja descendente do Profeta Maomé e que deva ser infalível em suas ações - pois é diretamente
inspirado por Alá.
A EXPANSÃO ISLÂMICA.
Com a introdução do monoteísmo, Maomé lançou as bases da criação de um Estado Teocrático, ou seja, as leis religiosas pesam mais que as leis humanas. Este Estado era governado por Califas (os
sucessores) que contribuíram para a expansão territorial muçulmana.
Dentre os fatores para a expansão destacam-se:
- o crescimento demográfico dos árabes;
- a Guerra Santa ( a expansão da fé islâmica );
- a fraqueza do Império Bizantino e Persa;
- a fraqueza dos Reinos Bárbaros.
A expansão Islâmica ocorreu em três momentos:
1ª etapa ( de 632 a 661 )- conquistas da Pérsia, da Síria, da Palestina e do Egito;
2ª etapa ( de 661 a 750 )- a Dinastia dos Omíadas, que expandiu as fronteiras até o vale do Indo (Índia); conquistou o Norte da África até o Marrocos e a Península Ibérica na Europa. O avanço
árabe sobre a Europa foi contido por Carlos Martel, em 732 na batalha de Poitiers.
3ª etapa ( de 750 a 1258 )- a Dinastia dos Abássidas, onde ocorre a fragmentação político-territorial e a divisão do Império em três califados: de Bagdá na Ásia, de Cordova na Espanha e do Cairo no Egito.
Após esta divisão, do mundo Islâmico será constante até que no ano de 1258 Bagdá será destruída pelos mongóis.
AS CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO.
A expansão árabe representou um maior contato entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No aspecto econômico a expansão territorial provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo, contribuindo
para a cristalização do feudalismo europeu, ao acentuar o processo de ruralização e fortalecendo a economia de consumo.
A CULTURA ISLÂMICA.
Literatura: poesias épicas e fábulas. Destaque para os contos de aventuras, como As Mil e uma Noites.
Ciências: muito práticos os árabes aplicaram o raciocínio lógico e o experimentalismo. Desenvolveram a Matemática (álgebra e trigonometria), a Química (alquimia), Medicina (sendo Avicena o grande nome) e a Filosofia (estudo de Aristóteles).
Artes: a grande contribuição foi no campo da Arquitetura, com construção de palácios e de Mesquitas. Na Pintura, dado a proibição religiosa de reproduzir a figura humana, houve o desenvolvimento dos chamados arabescos.
O IMPÉRIO BIZANTINO.
No ano de 395, Teodósio divide o Império Romano em duas partes: o lado ocidental passa a ser designado por Império Romano do Ocidente, com capital em Roma; o lado oriental passa a ser
Império Romano do Oriente com capital em Bizâncio (uma antiga colônia grega). Quando o imperador Constantino transferiu a capital de Roma para a cidade de Bizâncio, ela passou a ser conhecida como Constantinopla.
A ERA DE JUSTINIANO (527/565).
Justiniano foi um dos mais famosos imperadores bizantinos. Seu reinado corresponde ao apogeu do Império Bizantino. Em seu reinado destacam-se:
- o cesaropapismo: significa que o chefe do Estado ( César ) torna-se o chefe supremo da religião ( Papa ). As constantes interferências do Estado nos assuntos religiosos provocam desgastes entre o Estado e a Igreja resultando, no ano de 1054, uma divisão na cristandade - o chamado GRANDE CISMA DO ORIENTE. A cristandade ficou dividida em duas igrejas: Igreja Católica do Oriente ( Ortodoxa ) e Igreja Católica do Ocidente, com sede em Roma.
- a guerra de Reconquista: tentativa de Justiniano para reconstituir o antigo Império Romano, procurando reconquistar o Norte da África, a Itália e Espanha que estavam sob o domínio dos chamados povos bárbaros;
- a Revolta Nika: para sustentar a Guerra de Reconquista, o governo adotou uma política tributária o que gerou insatisfações e lutas sociais. Justiniano usou da violência para acalmar o Império; Justiniano foi também um grande legislador e responsável pela elaboração do Corpus Juris Civilis ( Corpo do Direito Civil ), que estava assim composto:
- o Código: revisão de todas as leis romanas;
- o Digesto: sumário escrito por juristas;
- as Institutas: manual para estudantes de Direito;
- as Novelas: conjunto de leis criadas por Justiniano.
Com a morte de Justiniano, o Império Bizantino inicia sua decadência. Entre os séculos VII e VIII os árabes conquistam boa parte do Império Bizantino e em 1453 os turcos ocupam a capital -
Constantinopla.
A CULTURA BIZANTINA.
O povo bizantino era muito religioso e exerciam os debates teológicos. Muitas questões teológicas foram discutidas, destacando-se:
- o monofisismo: tese que negava a dupla natureza de Cristo (humana e divina). Segundo o monofisismo, Cristo tinha uma única natureza: a divina.
- A iconoclastia: movimento que pregava a destruição de imagens sagradas ( ícones ).
Nas artes, os bizantinos destacaram-se na Arquitetura: construção de fortalezas, palácios, mosteiros e igrejas. A mais exuberante das igrejas foi a Igreja de Santa Sofia, construída no reinado de Justiniano. A característica da arquitetura bizantina era o uso da cúpula.
Os bizantinos também se destacaram na arte do mosaico, utilizados na representação de figuras religiosas, de políticos importantes e na estilização de plantas e animais.
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